quem anda a espreitar as reviravoltas ?

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

unexpected

(...)
era apenas mais um dia normal, mais vinte e quatro horas de rotina, num início de semana que se revelava aborrecido, sem expectativas ou supresas..
ela caminhava em direcção ao sítio onde passava todos os seus intervalos, naquela escola que já conhecia tal como uma casa.. seguia ao lado dos seus melhores amigos, os rapazes que sempre a faziam feliz, que a faziam sentir exactamente como ela precisava. e apesar de todas as suas amizades, fortes e duradouras, ela sentia falta dele.. não o via há semanas, e a saudade apertava, a mágoa de histórias por resolver unia-se à vontade de sentir os seus abraços quentes outra vez. mas naquele momento, o seu mundo parecia-lhe certo: ali estava, num dia de sol (tal como ela tanto gostava), sentindo uma felicidade quase suficiente, que naquele momento lhe parecia o melhor que poderia vir a conseguir.
até que, como uma interrupção àquela monotomia, um rapaz , que conhecia da sua antiga escola, e com quem trocava apenas palavras circunstanciais ,simples "bons dias" , foi ao seu encontro, com um sorriso simpático "olá ! olha , há pouco quando saí das aulas, encontrei aqui um tipo meio perdido.. perguntei-lhe se o podia ajudar , e ele perguntou-me por ti.." 
"por mim ? mas quem  é ele, como se chama? "
"pediu para não te dizer o seu nome.. mas ele está lá em cima, no terraço, à tua espera.."
apesar de desconfiada, ela sorriu, ao pensar que quem quer que fosse que estivesse à sua procura, partilhava de certeza a sua paixão por manhãs solarengas, pelo que escolhera o terraço, aquele espaço tão particular para uma escola.. mas prosseguiu " estranho. não faço ideia de quem seja,  vou lá ver .. " "deixa-me ir contigo. ele não me explicou muito bem quem era , e , sei lá, pode querer-te mal.."  ao que ela replicou , assentindo " tudo bem, vamos até lá acima. estou nervosa, e nem te sei dizer porque.."
e assim, ela deixa o seu lugar habitual, sem dar grandes explicações aos seus amigos, sem se preocupar com o que eles poderiam  pensar de toda aquela situação. sai do pavilhão, subindo as escadas até ao famoso terraço, o seu espaço predilecto, o lugar que escolhia quando sentia a necessidade de esquecer que se encontrava numa escola, num local cheio de obrigações..
enfim, ao alcançar aquele recanto solarengo, vê um rapaz loiro, de costas..  nesse instante, paralisa. o seu corpo congela, o coração mostra um desejo ardente de saltar do peito.. sente-se tonta, extasiada , louca.. sentindo a sua presença,o rapaz vira-se , olhando-a com ternura, talvez controlando-se para a beijar , a abraçar, acabar com toda aquela saudade que o tem invadido desde que a deixou, desde que se despediu dela, naquela noite gelada de janeiro passado..
de repente, ela deixou a sua pequena mala deslizar pelos braços, até chegar ao chão, numa queda lenta.. num gesto igualmente vagoroso, pousou os seus livros no chão, ainda molhado das chuvas dos últimos dias. e, consciente de cada movimento, aproximou-se dele, com passinhos de bebé, uma expressão inocente, que contrastava com os seus lábios perfeitamente pintados de vermelho vivo.
tocou-lhe , sentindo cada detalhe da sua face, como numa confirmação de que ele não era uma miragem, um fruto da sua imaginação.. ele era real, estava ali , a seu lado. foi unicamente capaz de lhe murmurar junto ao ouvido "vieste.."
ele, petrificado com a emoção do momento, não encontrou grandes palavras, grandes ditos, dizendo-lhe baixinho " o prometido é devido, loira"
deram as mãos, olhando-se nos olhos, relembrando o último beijo que trocaram..os seus lábios tocaram-se  de novo, numa perfeição impossível, num momento só deles, que partilhavam com uma entrega absoluta, uma entrega comparável à grandeza de um universo.
"porque decidiste vir, sem avisar? " questionou-o.
"lembraste da última conversa que tivemos ? pediste-me provas, acções que demonstrassem, mais do que qualquer palavra, o amor que procuro quero viver contigo"
"sim, mas.. vieste de tão longe.. eu .. eu só nao te quero perder outra vez, o resto não interessa.. não me deixes nunca mais"
"loirinha, eu vim para ficar .. vamos lutar por isto, juntos."
"vieste para ficar ?"
"sim. deixei tudo para trás... " revela-se apreensivo, por um milésimo de segundo "tudo se vai compor . ajuda-me a começar de novo..por favor"
"tu não vais começar de novo. nós vamos começar de novo. os dois. nunca mais terei de pensar que estás longe. nunca mais terei de passar pelo sofrimento de não te ver durante meses, de não te poder tocar.. "
"estarei a teu lado todos os dias.. prometo-te. eu quero-te tanto , minha pequena"

e ela nunca mais sentiu a mesma tristeza, a mesma melancolia, a mesma rotina..
junto dele, ela nunca mais foi a mesma.
(...)

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