pela primeira vez, ela ama num cenário diferente, em que as paixões daqueles dois seres se revelam por entre a areia branca de uma praia vazia, por entre o mar que, muito quieto, os presenteia com os reflexos de uma noite que aí definha, mostrando os primeiros sinais da manhã que se aproxima quente, solarenga. estão juntos, próximos, unidos pelo sentimento que nenhum dos dois sabe exprimir por palavras: apenas as suas mãos unidas e o olhar profundo que trocam fazem com que se deparem com a beleza de um amor puro, contudo aparentemente sem futuro.
ela finge não se preocupar com futuros, mas intimamente deseja que aquele momento dure para sempre.. que aquela praia vazia, que escondeu os seus beijos e as suas carícias durante uma noite perfeita de início de verão, se mantenha ali, suspensa numa eternidade única, ilimitada..
ela guarda para si o desejo de criar laços duradores, algo especial, que resista a quaisquer medos ou hesitações.. ela , naquele silêncio que a perturba ao mesmo tempo que lhe confere prazer , imagina uma fuga, um plano imperfeito de uma vida perfeita, vida essa sem passados, sem obstáculos, uma vida.. a dois.
perde-se nos seus pensamentos, sendo levemente acordada por um beijo suave no pescoço, tranformando-se numa voz sussurrada , que lhe pergunta " em que pensas ? ", ao que ela responde, com a sinceridade de uma criança , voz trémula , "tenho medo..". e nesse instante,ele abraça-a como nunca tivera feito, partilhando as suas inseguranças, oferencendo a força da paixão, confortando-a..
e por entre aquele abraço sincero, numa mistura de pele humedecida pela água salgada com a areia branca que arranhava os seus corpos, ele espelha a sua alma na dela, como numa telepatia perfeita , e sugere-lhe, com a confiança de uma vontade partilhada :
"vamos fugir?"
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